Food truck, paleta, cup cake, gourmetização…
Neologismos para chover no molhado.
Joga um Inglês ou Francês, ou do México, e é pegar o guardanapo! Quer dizer, salivar, deglutir e digerir não é a prioridade, antes de tudo algum registro fotográfico, provavelmente uma selfie, e mostrar-se na moda. Tão na moda como os “tio da Towner” do século XXI: visu da hora, provavelmente com barba cheia e bigode de pontas curvas à Belle Époque (para continuar no Francês, mais a ver que citar os coronéis da Velha República); tattoos; etc.
Mundo Gourmet, mundo vazio. Troque o cachorro-quente respingão na camisa, com gordas salsichas ou linguiças (!), por qualquer coisa com dois pra lá, dois pra cá com o topete (nada a ver com o provável penteado de quem irá servi-lo) idiomático e rola até festival! Que sina a do tio da Towner e seu coração gastronômico de mãe, que ampara nas madrugadas, inclusive a turma que na tarde seguinte desfilará gastronomia cult.
Bem na foto demais e as velhas ressalvas do modo de fazer do generalizado tio-amigo das madrugas: armazenagem em temperatura inadequada ou com os alimentos mal acondicionados; falta de indicação de procedência e datas de produção e validade; transporte irregular de alimentos perecíveis; uniforme inadequado; ausência de sabonete líquido inodoro e antisséptico; ausência de termômetro para aferição da temperatura dos alimentos… São alguns termos colhidos nas notícias e reportagens descoladas que pipocam (pop corn é melhor?) por aí.
Atribuído a norte-americanos no século XIX, os destemidos informais tiveram um boom nos áureos anos dos Planos de Demissão Voluntária (PDV), Era do Príncipe FHC. Trabalho é trabalho, e vice-versa, diria o poeta. E a mudança de ponto de vista por um fio tão tênue prova o que é moda, preconceito, falta do que falar, e pouco do que importa, a qualidade do comercializado sobre rodas. Um é informal, o outro é cult.
A propósito, pediram para quem souber de Curso Profissionalizante pelo Senac, ou graduação em Gastronomia com ênfase em Food Truck, avisar. Urgente parar agora, “saco vazio não se põe de pé”: comer um Mexican Dog com chilli orgânica, sausage de carne de bisão-americano, tomatoes, onions, ah, em pão de Fagopyrum esculentum. Se deixar para depois, é ter que encarar cachorro-quente podrão na esquina…