Um sentimento cobrado desde as famosas “Jornadas de Junho”, que misturou bola com molotov, cultura local e uma vontade que procede pelo repúdio, mas há de considerar que a prática do esporte, composto esmagadoramente por amadores ditos profissionais, de salários baixos, está muito distante da quimera anarquista Anos 2000. Por isso, a turma bem nascida de máscara de herói pouco lido, chiripás, coques e barbichas de sábios orientais da hora e caras de mau nas fotos do “evento do Face”, dos que não desciam para o playground e ficavam atirando a esmo com o Doom e o RPG, equivoca-se quando acha que drible é Nike, toque de calcanhar é franquia da Fifa, banho de cuia é produto da Budweiser, acarajé na Copa é McDonald’s… No final, tudo acabou em Sininho e Peter Pan.
Este questionamento de boutique amedrontou quem curte e tem o Futebol como gosto particular. Várias entrevistas nos últimos meses reveleram artistas, torcedores de carteirinha, e quem tinha visão crítica, contrária à especulação imobiliária, gastos em detrimento de maior amplitude de serviços básicos, despejos, balas de borracha, mas a sanha ficou de cara no trio Futebol-Fifa-Cultura Brasileira.
A senhora que o jornal “O Tempo” trouxe pouco antes da bola rolar falou pra mais de mil batalhões policiais e dos guerreiros da Comandanta Sininho. Uma avalanche de simplicidade, soterrando os dilemas dos rolas bêbadas istáile, até os que por vezes não colocam a máscara modística e ficam a teclar parábolas não praticadas, mantras no dialeto patropi, para ver se come algum frango da televisão de cachorro virtual, abutre de “lavô tá novo”, fadados a retardatários. Acabou que teve Copa. (Ricardo S.)
Publicado em 14.08.2014