13 de julho, matérias sobre Frida Kahlo, quase sempre com a superficialidade das datas comemorativas, porém nas exceções, os acréscimos relevantes da vida e obra da mexicana, inevitavelmente, aquela dúvida que cresce com a internet e proporcional à quantidade geométrica de cabos e ondas que levam aos navegantes: como tanta gente consome determinado ícone em torno da imagem, e não da essência + imagem?
No sítio “La Radio del Sur”, por exemplo, é destacada a presença de Simón Bolívar na biblioteca e na obra da artista. Em outros tantos, as tentativas e a possível morte por suicídio; as rupturas com Diego Rivera; as ligações com parceiros e bissexualidade; os acidentes; os contratempos de saúde; o Partido Comunista; a acolhida a Leon Trotski. Separados, poderiam ser fofocas, separados, unem a força de expressão humana que ruma para as telas, e misturam-se para compor o foco reluzente de Coyoacán para os quatro cantos.
Bottons, posteres, camisetas, bolsas, peças de teatro, bonecas, pinturas, em plena acessibilidade informativa, além de garantir a cesta básica de muitos, coincidentemente, os temas mais disseminados acerca de Kahlo são apropriados pela irrelevância de medir o peso das escolhas e circunstâncias da moradora da Casa Azul.
Percebe-se a queda pela sexualidade e pelas telas, além do voyeurismo de pregar a efígie morena na lapela ou num canto da casa, mas os detalhes políticos, ainda mais nos dias de hoje, os quais trazem do sarcófago sempre aberto da ignorância o maniqueísmo comunista x capitalista sob os argumentos precários de sempre, os corações enfartados de egolatria depressiva transformarem em musa oca uma “vermelha” é coisa típica dos dias de muitas informações e conhecimentos parcos. De legenda. Tendenciosos.
Comunista, mas “Doutor, el@ é ligad@ a essas coisas de guerrilha, ditadura militar!”. Suicidal tendency, para quem usa o termo para afastar e denegrir pessoas. Quadros com desenhos sintomáticos da vida real, na parede de apreciadores do abafar realidade própria e escancarar e ficcionar a de outrem. Pensar no próximo – para “separar” o olhar social sem o carimbo do Comunismo, por causa da retomada transgênica do termo -, quando adota a defeña, qual o ditado popular, à base do “só quer venha a nós”.
Da série “O dinheiro é meu, eu tô pagando”.
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