Uma capitulação ao imperialismo


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EUA começa intervenção militar na América Latina

Em meio à crescente disputa imperialista com China e Rússia, o EUA iniciaram hoje uma nova intervenção militar na América Latina, com o envio de forças navais e aéreas ao Mar do Caribe Meridional. A operação, oficialmente justificada como “guerra às drogas”, tem como alvo principal áreas próximas à Venezuela e Colômbia, mas levanta preocupações sobre ingerência estrangeira, violações de soberania e repressão a movimentos populares na região.

por Redação de AND
|14/08/2025|

Em uma escalada das ações para reafirmar o domínio da América Latina frente às disputas com a China e a Rússia, o Estados Unidos (EUA) iniciou hoje a nova intervenção militar na América Latina, com o envio de forças aéreas e navais para o Mar do Caribe Meridional. A ação, anunciada no início dessa semana, deve afetar principalmente as imediações dos territórios venezuelano e colombiano.

A política inclui o envio de navios de guerra e aeronaves para vigilância e presença militar no Caribe e fronteiras; o aumento da recompensa para 50 milhões de dólares por informações que levem à captura de Nicolás Maduro; e pedidos do FBI a polícias locais para incluir possíveis suspeitos ligados a cartéis em listas de monitoramento antiterrorista.

A presidente do México, Claudia Sheinbaum, disse que vai cooperar com as operações, mas “sem submissão, nem invasão”. São palavras que tentam disfarçar uma prática de capitulação ao imperialismo. Essa semana mesmo, Sheinbaum aprovou pela segunda vez no ano a deportação de prisioneiros mexicanos procurados pelo EUA para o território ianque. Os presos transferidos são membros de cartéis, mas não é descartado que, no futuro, a medida possa ser expandida para outros grupos, inclusive de caráter político.

A intervenção militar é superficialmente descrita como parte de “guerra às drogas”, mas faz parte de uma plano mais profundo de agressão aos países semicoloniais. Os grupos narcotraficantes usados para justificar a intervenção, como Cartel de Sinaloa (México), Tren de Aragua e MS-13 (Venezuela) foram classificados pelo governo como “terroristas”, nomenclatura frequentemente usada pelos ianques para atacar opositores.

No ano passado, o Equador fez uma intervenção militar no país apoiada pelo imperialismo ianque sob a mesma justificativa, mas com o propósito real de reprimir os direitos básicos do povo. Os resultados foram invasões a domicílio, execuções sumárias de inocentes e outras violações.

O velho plano ianque contra os povos: novas faces, mesma dominação

Segundo fontes ligadas ao New York Times (NYT), que publicou no dia 11 de junho uma reportagem sobre a permissão de Trump para a intervenção, o presidente ianque pressionou o Departamento de Defesa e o Comando Sul para autorizar missões clandestinas de unidades de elite, como os Navy SEALs e os Boinas Verdes, em países como Venezuela, Colômbia, Bolívia e até em áreas do Brasil.

As ordens, ainda que não levassem à ocupação aberta, abriram precedentes jurídicos duvidosos para a atuação extraterritorial de tropas estadunidenses, sem a anuência plena dos governos locais ou com anuência negociada em segredo com setores militares e das classes dominantes locais. Em alguns casos, forças especiais teriam operado em missões de inteligência, infiltração e sabotagem contra grupos armados ligados ao narcotráfico, mas também contra milícias e movimentos populares tachados genericamente de “ameaças à estabilidade regional”.

O pano de fundo dessa movimentação é a crescente influência da China e da Rússia na América Latina. Enquanto Pequim consolida sua presença por meio de investimentos em infraestrutura e acordos comerciais bilionários, Moscou fortalece laços militares e estratégicos com países como Venezuela e Nicarágua. Em resposta, os imperialistas ianques, voltam a reforçar a velha doutrina Monroe de “a América para os americanos”.

A velha farsa da guerra às drogas retorna com nova roupagem e o mesmo objetivo: controle imperialista

Apesar da retórica oficial, o EUA continua sendo o maior mercado consumidor de drogas do mundo. Dados do próprio Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) revela que cerca de 90% da cocaína produzida na América Latina é consumida dentro do território ianque ou exportada por redes que têm conexão direta com bancos, empresas de fachada e canais de lavagem de dinheiro no próprio sistema financeiro ianque.

Historicamente, a chamada “guerra às drogas” tem servido para justificar intervenções militares como no Panamá em 1989, o fortalecimento de forças repressivas locais e a criminalização de movimentos camponeses e populares. O caso mais emblemático foi o Plano Colômbia, iniciado nos anos 2000, que injetou bilhões de dólares no país com o pretexto de combater o narcotráfico, mas que serviu, na prática, para atacar guerrilhas e consolidar o controle do imperialismo ianque sobre bases militares estratégicas.

Vários estudos e investigações independentes apontam que a chamada “guerra às drogas” é, na verdade, altamente lucrativa para setores específicos. Grandes bancos internacionais, como o HSBC, já foram multados por lavar bilhões de dólares do tráfico. No EUA, as prisões privadas, financiadas por grupos de lobby, lucram com o encarceramento em massa de pequenos traficantes e usuários majoritariamente negros e latinos.

Além disso, segmentos das classes dominantes latino-americanas também lucram com o narcotráfico, seja facilitando rotas, blindando aliados políticos, seja cooperando com agências de inteligência estrangeiras.

Internamente, essas ações também questionam os limites do poder presidencial no EUA, já que, conforme especialistas do Center for Strategic and International Studies (CSIS), Trump teria ordenado operações sem passar pelo Congresso, em desrespeito à War Powers Resolution.

{ A Nova Democracia }

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