Cidadania, cultura e arte
por Carolina L.
Com o objetivo de conscientizar adultos e crianças, a exposição fotográfica “Bicho de Rua” busca mostrar um lado da nossa cidade que não enxergamos. São animais que vivem nas ruas, ou mesmo em casas, mas que não são tratados com o devido respeito e dignidade.
A campanha busca mostrar às pessoas a importância da adoção de um bicho de rua, de como podemos ajudar com gestos simples. Objetiva gerar uma reação das pessoas através da arte, por mais simples que seja, como a doação de ração, contribuição em dinheiro, tornando-se um voluntário ou mesmo adotando. O ato de adotar um animal requer amor e consciência. Ao saírem de uma situação de abandono e desprezo para o convívio e aceitação em um lar, estes demonstram, tanto quanto nós, a felicidade, gratidão e paz de um relacionamento respeitoso.
A exposição conta com sete fotógrafos: Carolina Leipnitz, Ivânia Trento, Eduardo Wagner Costa, Aline Gobbi, Heinz Schnack, Daniele Ferrari Spohr e Fernanda Melonio. Pelo fato de ter um objetivo social, a ideia é agregar mais pessoas e de diversos lugares. Contamos com 27 fotografias no tamanho 20×30.
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Entrevista com a Carolina Leipnitz
por Ricardo S.
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Ricardo Santos Como foi juntar vocês sete para este trabalho?
Carolina Leipnitz Depois do projeto escrito, comecei a fazer contato com pessoas que achei que poderiam me mostrar imagens interessantes de bichos de rua. São pessoas que conheço pessoalmente, uns mais, outros menos, alguns tenho somente ligação via web. Fiz quase tudo via web, convidando o pessoal, a Daniele é minha grande amiga aqui em Lajeado (RS), a Ivânia é de Encantado (RS), o Heinz é aqui de Lajeado também, a Aline e o Eduardo são lajeadenses que vivem em Santa Catarina, e a Fernanda, que mora no Rio de Janeiro, é minha amiga virtual.
Então convidei e eles começaram a me mandar material. A ideia inicial era de 15 fotos, depois passou para 20, e acabamos com 27 imagens escolhidas nesta primeira edição. Todos adoraram a ideia da mostra, e principalmente a Fernanda, que é jornalista no Rio e que me ajuda a fazer toda a parte de assessoria de imprensa da mostra. Conheci ela através do JazzMan Brasil, que foi o incentivador da mostra. A Nanda é namorada dele (Leonardo Alcântara), que me deu o incentivo maior para tocar este projeto que estava adormecido desde 2007.
RS Então foi você que criou a ideia e a desenvolveu com @s demais! Qual o tipo de ligação com os animais, especificamente com os de rua?
CL Sim, sempre fui louca por animais. Desde criança tentava levar cães e gatos pra casa, mas nunca era possível pela questão de espaço físico. Tanto que cheguei a ter uma cadela que não morava comigo; um dia consegui levar um gato, depois mais um, e assim foi. Hoje tenho 4 gatos tirados da rua, mas ainda não tenho cães. Os cachorros conheço da rua, sento, trato, sei “quem é quem”.
Assim criei um vínculo com vários animais de rua da cidade. Sempre que consigo ajudo de alguma maneira, dando comida, carinho e atenção. A Ivânia também adora animais, a Aline também, juntou a cadela que ela cria de umas pessoas que maltratavam animais.
RS Você comentou que esta será a primeira edição, o que subentende que uma próxima está em mente. O que percebe em relação às paradas da exposição desde novembro/2008, quando foi lançada, acha que as pessoas precisam deste estímulo para aprender a respeitar os direitos dos outros animais?
CL Sim, penso em fazer mais edições, sim, sempre com outros convidados, que mostrem outras perspectivas. Toda a receptividade que tivemos foi muito positiva. A ideia foi super bem aceita e as pessoas realmente se comoveram com as imagens, que é um dos objetivos – que causemos alguma reação nas pessoas através da arte. Por enquanto, estamos em busca de mais alguns patrocínios. Nenhuma empresa nos procurou, na verdade, o contato sempre partiu da gente. Ainda procuramos patrocinadores para os brindes que pretendemos fazer para a mostra.
Vamos fazer algumas visitas por Lajeado, os brindes (camiseta e bolsa ecológica) serão doados às instituições de cada cidade que vamos expor. Nisso, cada associação reverte em R$ o valor dos brindes doados pela mostra. É uma maneira diferente de ajudar, pois como não temos renda, buscamos uma forma diferente de poder ajudar. Não sei se isso mais ou menos responde quais são os planos, pois nossos patrocinadores até agora nos ajudaram com banners e adesivos (estes já estão sendo distribuídos para as associações e destinados à venda) que a Impacto Signs patrocinou, o JazzMan e a H. Meyer, que nos deu as fotos.
RS Pois é, patrocínio é quase sempre uma pedra no sapato, e para temas ligados à Ecologia, Meio Ambiente, as caras são amarradas ou indiferentes mesmo, exceto o surto atual, no qual várias empresas utilizam “consciência ecológica” como marketing. O espontâneo é mais fácil, não, pois vejo que pela internet a “rede” de trabalhos ligados, por exemplo, aos bichos de rua, está crescendo? Há também a hipótese de contratar o acervo do “Bicho de Rua”, para quem tiver interesse, quais as coordenadas?
CL A questão de patrocínio é complicada, mas acredito no nosso projeto e que ele pode realmente crescer. A internet ajudou muito na divulgação do nosso material, muitas das nossas inserções são pela net e é por este caminho que as pessoas nos procuram pra levar a mostra para a sua cidade, mas novamente batemos na questão de que não temos os recursos necessários para poder viajar por aí. Então, para os interessados sempre dizemos que não cobramos um cachê, precisamos de transporte para poder levar a mostra. Os contatos são o meu ou o da Fernanda, que estão no site. As fotos estão à venda, mas é algo que ainda não está no site. Onde 50% do valor da fotografia vendida será revertido para uma das associações que a mostra visitar, a pessoa pode escolher, e o resto do valor fica para o fundo da mostra, pois sempre temos alguns gastos que acabamos arcando. A foto será enviada pelo correio no formato 20×30 fosco.
RS Existe alguma lista de endereços para que os interessados possam estar atualizados sobre as datas, produtos e atividades do grupo?
CL Isso será (assim que nos organizarmos com o projeto) divulgado no site, mas já adianto que, provavelmente, iremos a Arroio do Sal depois de Torres, Univates Lajeado e Encantado, acho que Canela, Casa de Cultura de Lajeado, Porto Alegre e Caxias do Sul. Mas as datas ainda não estão definidas.
RS Algum recado para o leitor?
CL Para o leitor, volto a enfatizar a importância da adoção e o cuidado com o animal de rua ou com o animal maltratado. Esperamos que através das nossas imagens consigamos tocar as pessoas a ponto de fazê-las doar ração para entidades, tornarem-se voluntárias, denunciar maus tratos contra animais, ou seja, fazer algo para ajudar. Qualquer ato é bem-vindo, as associações fazem o seu trabalho, e nós tentamos ajudar com uma maneira de divulgá-las, de mostrar o caminho por onde as pessoas possam fazer alguma coisa.
Textos: Ricardo S. + Carolina L.
Imagens: Mostra Fotográfica ‘Bicho de Rua’
(Publicado originalmente em 2009)