Outro café com o Comandante

Reprodução/www

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De 2013 para cá, o 5 de março é aquela coisa, quem busca a sinceridade ri e chora sem que o riso seja um riso, e o choro, a tristeza. Muito menos, mas muito menos mesmo, o carimbo dos últimos tempos, “fulano é bipolar”. Quiçá “depressivo”, blergh (!), favor abrir os olhos, pois querem o sangue do carimbado às custas da preguiça intelectual do carimbador que não é “maluco” à la Raulzito. Mas de tédio, os tradicionais capitalistas insatisfeitos.

5 de março é assim, rir e chorar convertem um dia a mais em busca da sinceridade, do respeito ao próximo sem que as práticas sejam as dos outros 364 do ano. É verdade que nestas 24h diferenciadas o los buenos mueren martela, confirma que é assim, porém os maus pagam aqui, vivos. Ou natimortos. Os alma buena são de fato caçados pela tal sociedade, vide os que carregaram cruzes; os assassinados por fãs; os Homem-Elefante; os violados; os ditos… ditadores, etc.

Cada dia 5, melhor dizendo, até nas redes sociais uma mobilização útil – e que não é tuitaço de bacana do Bem – junta pessoas da Venezuela para o mundo. Todo santo dia 5 um #AtantosMesesDeTuSiembraComandante (o tantos muda de acordo com a soma mensal, de 2013 à referida data) povoa a poluída timeline passarinheira, por exemplo, e lembra ou tenta fazer lembrar mais um que veio ao Planeta Azul nos moldes dos alma buena. Pra variar, se por um lado esta hashtag sobressai em meio ao lixo virtual corriqueiro, no pólo oposto a ignorância dos contrários que sequer o conhece, segue na toada das hashtags-palheiro. Para achar a agulha…

O #A2AñosDeTuSiembra do citado 5 de março aproximou a turma nos 24 meses da partida física do Presidente Hugo Chávez, quem dera todos pudessem ver ao menos uma das passagens, principalmente os que arrotam palavras orais e digitadas, na eterna missão de mundo “democrático” e cada vez mais pênsil para o achismo do achismo do… achismo. Ou como prefeririam tais boquirrotos, uma ditadura de qualquer vídeo ou 140 caracteres (é mais fácil um textão de desconhecimento brutal a ler 140 caracteres!) e a possibilidade, inclusive, de não ler este café como uma ode. Ou uma ode à sinceridade, à constatação e oposição à herança trazida pelas naus de 1492 para cá, ao “amor com amor se paga” dito pelo Arañero de Sabaneta de Barinas.

De fato, um dia positivamente estranho. People are strange.

Há dois anos, o final de tarde trouxe a notícia da siembra do Comandante, lembra as lágrimas que correram, para meses depois serem de crocodilo, de alguns que têm a oportunidade de refletir a partir da sinceridade, só que em seis meses, ou como existe até hoje, optam por tapar os ouvidos diante dos discursos que escancaram a existência de ser latino-americano, do erguer a espada de Bolívar contra o saco cheio por tantos anos de opressão externa, ou interna sob paus mandados de estrangeiros, que trocam o sentir por qualquer dez pilas exi$tenciai$. Os verbos estão no presente do indicativo, sim, pois se a suspeita de mais um assassinato dos que lutam pela vida na história é real, há de convir que precisam apagar os vídeos, rasgar os livros destes humanos que nunca poderão ser chamados de mortos.

Que dia 5 de bipolares, depressivos e suicidas! Vêem-se centenas de milhares se arrastando que nem cobra pelo chão e a aura do ser sincero num retângulo triste carregada pelo carinho e gratidão, sentimentos universais, mas na prática não são para qualquer um. No mundo de traidores, o cortejo decorou o envoltório fúnebre da alegria com milhares de flores, bonés, camisetas, pôsteres, e acima de tudo, amor incondicional. Dez dias de capilla ardiente, eternidade.

Nas cores, nas palavras, na revolução do pensamento, na ditadura da autonomia.

¡Viviremos y venceremos!

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