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O medo que pode imobilizar
Diante de um obstáculo que nos coloca medo a reação de qualquer pessoa é vacilar. Em geral paramos e observamos nossas possibilidades e procuramos reagir de maneira a nos proteger.
Reações tipicamente normais para qualquer pessoa.
Mas a questão é quando o medo é usado deliberadamente para imobilizar.
Em vários momentos da nossa história o medo foi usado para domesticar os descontentes: terror psicológico, ameaças contra a vida, tortura, assassinatos…
Os meios foram variados e, em geral, aplicados sobre um determinado grupo a fim de servir de exemplo para o restante da população.
Não é diferente na atualidade.
Para os trabalhadores é dito que a saída para a fome, o desemprego, o subemprego, a miséria, enfim, para os problemas que não foram causados por nós, mas para os quais somos os únicos atingidos, é a eleição!
Todos os nossos problemas serão resolvidos pela eleição de “boas pessoas”.
É verdade que sabemos quais são os problemas que temos, mas será que sabemos quais são as saídas para eles? Será que a eleição destas pessoas será nossa redenção?
Seja o desemprego, o subemprego, a fome, a miséria, ou a falta de moradia, ou de um sistema público de saúde decente, todos os problemas que atormentam aos trabalhadores têm suas raízes na exploração do homem pelo homem.
Antes de avançarmos é preciso que saibamos que para que alguns sejam ricos é preciso que muitos sejam pobres e muitos mais sejam miseráveis, para o capitalismo nunca esteve na ordem do dia a distribuição das riquezas produzidas pelos trabalhadores entre os trabalhadores.
A miséria a que assistimos nas ruas brasileiras alimenta a riqueza que não vemos, mas que sabemos existir.
Na edição de agosto de 2021 apontamos o quanto custa viver no Brasil, mas o que fazer?
Muitos perguntam a si e aos demais exatamente isso, diante das ações dos políticos a serviço da burguesia, tanto os que ora a servem fielmente, quanto daqueles que, ressentidos pela falta dos afagos burgueses, se colocam ajoelhados em frente aos seus senhores e juram amor eterno para quem sabe, voltarem a administrar os interesses senhoriais. Não importa, a pergunta insiste: o que fazer?
Grassa a máxima de que nada pode ser feito, que tanto faz ou tanto fez. A desilusão, alimentada por interesses de um lado e de outro, nos coloca naquele momento em que o medo nos imobiliza e, ao olharmos nossas opções, muitas vezes escondidas, só observamos o que nos é posto saltitante diante dos olhos, assim, podemos acreditar que a escolha de uma destas “boas pessoas” em 2022 nos levará em direção a tão esperada resolução dos nossos problemas.
Não existem salvadores da pátria!
Todo trabalhador sabe o que quer: emprego, comida, condições de manter a si e aos seus com dignidade, educação, saúde, moradia, segurança, enfim, basta ouvir aos trabalhadores para perceber que todos eles sabem o que querem e precisam, porém, diante do medo que lhes é induzido, muitas vezes assumem a passividade como uma alternativa e que venha mais uma farsa!
Mas não, as coisas não podem e não devem ser assim.
Conhecemos nossos problemas, agora precisamos conhecer nossas alternativas!
Fora do que pregam os partidos da esquerda da ordem precisamos lutar pelas bandeiras históricas dos trabalhadores, precisamos lutar por emprego, pela redução da jornada de trabalho sem a redução dos salários, por trabalho igual com salário igual, por moradia e terra pra todos, por um sistema público, único e digno de saúde e por seu correlato na educação.
Mas temos que saber que não é isso que querem os que se dispõem a administrar os negócios para os burgueses.
Os trabalhadores precisam se dedicar a outra organização, uma organização de novo tipo e que atenda aos interesses da classe, que tenha como prerrogativa a defesa das nossas bandeiras e que não se curve, diante do primeiro aceno, aos interesses burgueses.
Obviamente não falamos dos partidos da esquerda da ordem, ávidos pelos carinhos burgueses, falamos da necessidade de reorganizarmos o partido revolucionário dos trabalhadores brasileiros.
Falamos da refundação do único partido que estará comprometido com nossos interesses.
A tarefa não é fácil, se o fosse bastaria a nossa vontade. Precisamos nos voltar para nossas lutas diárias.
* Artigo publicado na Edição #07 do Jornal Rumos da Luta/Outubro 2021
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