Abastecer de escassez

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As comparações entre produtos para impulsionar um país quando chegam entre combustível e cigarro ou refrigerante, abrem inúmeras perspectivas.

De cara, relembram os dias de caída de Allende, no Chile, com a escassez de produtos de subsistência. Os famosos cream cracker ausentes das prateleiras no final dos anos 80, que antecediam à queda do Muro de Berlim e do que chamavam Cortina de Ferro. Os bovinos que no governo Sarney, igualmente no decair oitentista, eram retidos nas fazendas em nome da fome: de lucros, por parte dos donos; e de comer, por parte do povo que consumia o ‘produto’ animal.

Assim, ao circularem informes como os três acima, não importa o país, como agora a bola da vez a oeste de Greenwich é o Chifre da América do Sul – o da África já provou a Primavera Macabra -, há de juntar as peças do quebra-cabeça e entender, seja na ‘ditadura’ romena, alemã oriental ou chavista, por que negar biscoito, através de filas, fome e sair na ‘mídia internacional’, perder o poder? Ou perdê-lo por “lá não tem nem redes de fast food internacionais”? Pior ainda, nem papel higiênico?

Quem encara repetir as preguiças opinativescas virtuais antes de pensar um pouquinho: nove tanques de carros de passeio por um refrigerante de dois litros? E um maço de cigarros por um tanque de camionete? Não esquecer de responder com a mente desenvolvimentista ocidental e levar em conta o Deus-Automóvel, portanto, não cuspir no tanque que alimenta mais o status quo que a mobilidade necessária.

As marcas, as quais como no Brasil, são gringas – da mesma origem que  as do Leste Europeu caribenho -, centralizadas, como os meios de comunicação, por exemplo, nas mãos de um pequeníssimo grupo capitalista, que libera em conta-gotas, se quiser, o reabastecimento das gôndolas?

Em transportes coletivos ou próprios, sempre chegou a maioria que enfileira-se nas quadras de supermercados das ditaduras sanguinárias que caem com bombardeios de biscoitos. Mísseis de farinha de milho. Granadas de medicamentos. Enforcamentos em praça pública com papel higiênico. Tem-se o dinheiro, não o acesso aos itens básicos de sobrevivência. Sem que cheguem nas filas como os famélicos reféns de cidades sitiadas da vez, como, para ficarem datadas estas palavras (quem dera, mas mudarão provavelmente países, uma pena), os do Iêmen, da Síria, da Líbia, do Iraque, do Haiti, etc.

Pensar nesses assuntos pede uma Coca-Cola bem gelada, pra liberar. Se não tomar agora, não relaxa e a vida pode parecer revoltada. E o que importa é curtir. Passar para abastecer o carro, descer na conveniência e pegar três garrafas – para o final de semana – de dois litros desse líquido milagroso. Mais uns quatro maços… “Refresca muito, muito mais. É isso aí!”

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