Um olhar mais atento nas lojas que vendem, entre outros itens, material esportivo na avenida Leopoldo Wasun, na Vila Brás, em São Leopoldo (RS), mostra o grau de influência dos clubes europeus de futebol, a menos de uma hora de Porto Alegre e na terra do Aimoré.
Nas barbas do Gre-Nal, a concorrência com Milan, Real Madrid, Manchester United, Barcelona, para citar alguns, já pode ser considerada preocupante. Pior para o Índio Capilé, apelido do escrete leopoldense, o qual por mais que esteja na Série C do futebol gaúcho, não tem sequer um produto disponível para a comercialização.
Este fenômeno tem parte da explicação atribuída à globalização, cujos tentáculos já se estendem às grandes empresas de notícias. Mesmo assim, nem em tempos de Romário, Rivaldo, Ronaldo Nazário, Ronaldinho Gaúcho, craques que atraíram multidões nos estádios da Europa nos últimos 20 anos, havia tamanha presença nas lojas do país. Ou quando havia, eram eles nas costas das camisas, dificilmente os ídolos eram argentinos, portugueses e até suecos. Os remanescentes brasileiros de sucesso, como Kaká, Alexandre Pato, Daniel Alves e companhia, pouco são escalados nesse gosto popular atual. Na Brás, então, só Pato, ex-Colorado e jogador do Milan, aparece entre os tops.
Messi, Cristiano Ronaldo, Ibrahimovic são os selecionáveis da Vila, e pelo que se vê, astros mundiais; um levantamento nos bazares do bairro dá o troféu de vendagens de camisas aos times estrangeiros, ainda que em disputa acirrada com a dupla da capital gaúcha.
Sabrina Reis, funcionária da Sintonia Presentes, chega a afirmar que Grêmio e Inter são os prediletos, porém ressalta que a diferença para as agremiações do Velho Mundo é pequena. “Quem procura pelas camisas da Europa é mais a gurizada, eles gostam de Barcelona, Chelsea, Real Madrid. Quase todas custam R$ 35, vem com chaveiro personalizado do time, a malha é bem melhor”, argumenta a vendedora.
Do Rio Grande do Sul, quem salva a pátria são os citados Tricolor e Colorado, estes sim, campeões em números de itens. A mesma Sabrina cita produtos como cintos, estojos escolares, casacos canguru, cadernos, mochilas, bonés, todos à exposição na loja. Como complemento, percebem-se garrafas squeeze, bonequinhos curiosos como porquinhos e até alguns cuja rivalidade acaba na forca!
Ou seja, com tantas possibilidades, cai por terra que a popularidade geral seja dos europeus, o que dá a entender que a disputa acirrada é nas camisas. Aliás, através da forma pela qual são expostas nos pontos de venda, realmente, os clubes de fora chamam mesmo a atenção dos moradores, exceto jaquetas e abrigos – todas do Gre-Nal. Quer dizer, tinha uma do Palmeiras perdida nesse emaranhado de distintivos.
Há de destacar também a presença de clubes hermanos, como Peñarol e Nacional, ambos do Uruguai, e River Plate e Boca Juniors, da Argentina. Os dois países também são representados pelas respectivas seleções, desde camisas a meiões.
Os olhos de quem passa, e principalmente de quem vai comprar, devem brilhar com tantas cores, mas os times nacionais também precisam lidar com os olhos: mantê-los bem abertos. Independente do material esportivo ser licenciado ou não, o marketing dos clubes locais pode ficar sossegado quanto à marca, só que além de precisar proteger o torcedor dos marqueteiros do outro lado do Atlântico, rever os valores e combinações dos produtos licenciados é uma obrigação.
E para provocar a rivalidade Azul e Vermelha, houve unanimidade em torno do Internacional ser o campeão de vendas.
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Texto + Imagens: Ricardo S.
Publicado em 27.06.2012