[ Marcelo Nova ]
ノ
Não há nenhuma Lua no céu
Alguns pontos de Luz escorregam e brilham
Piscam e desaparecem por entre a espessa bruma aninhada
Sob arbustos, calçadas e cacos de vidro
O ranger de metais das chaves do vigia
Não importuna as formigas que fazem fila sob os meus pés
Não há nenhuma Lua no céu
À minha frente, a estátua de dedo em riste
Jura inocência enquanto arrota fuligem e orvalho
Confiro meus bolsos vazios em busca de algo que eu não sei o quê
Não sinto sono, fome, sede, não sinto nada
Não há nenhuma Lua no céu nem chuva, nem Vênus, nem Fogo
Que ilumine a pequena Torre onde o vigia expõe sua fronte crispada
Sua boca lacrada e sua alma inchada de café e cansaço
Não há nenhuma Lua no céu, nenhum som na Terra
E o vigia dorme profundamente
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