Tema de Redação: Minha Páscoa

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Véspera de data comercial é a hora dos cotovelos apressados, das filas em porta de lugar que vende chocolate. Aglomerações de consumo por todos os lados.

Tem loja resguardada por um mancebo de dois metros de altura, em todo o horário comercial, à espreita do pungador do derivado de cacau. Farda toda preta, coturno, inclusive a boina, daquelas de lado e cordinha no fundo, que costuma ficar no agito quando a madeira está cantando. A disposição do jovem era de que ai daquele que derrubasse da prateleira um simplório cubo com o desenho da Magali. Um digno infante.

Antes de chegar a essa porta que tão viril Johnny Rambo resguardava, no caminho, uma Auschwitz de pescados em nome da fé. Três quadras de cheiro da morte de uns em nome do renascimento. A tradição.

Em seguida, a rua do consumo. O étnico presente. Não, não do étnico que a Moda escolhe para as antenadas desfilarem estilo por um ou dois anos pela savana, mas verdadeira selva de pedra entre inca, guarani e kaingang, expondo produtos para homem branco demonstrar carinho pelo semelhante e fazer boa ação para homem da mata. A globalização.

Antes, pela manhã, num relance de cinco segundos, a versão “eu amo meu pet!” do campo de experimento de Mengele: do alto da overdose de beleza dos coelhos, um casal numa gaiola de pet shop. Um tingido de azul anil, provavelmente para o garotinho do Bem escolhê-lo; o rosa é para meninas, do Bem. E de famílias também do Bem. Mengeles do Bem.

Milhares de consumidores e ovos em trânsito, no entanto há os sem ovos, pegadas do ovíparo lagarto ou ladrão de bicicleta? Ladrão de bicicleta, pelos indícios. Lagarto que rouba lagarto tem cem anos de azar, pensaria três, quatro vezes. E é raro encontrar um por aí. É temporada dos pavões clonados, não dão no couro de um lagarto.

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