Caminhões de Troia


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A fumaceira é constante. Dia sim, dia não, um tema fútil ganha espaço e o principal avança, ou se for imprescindível para o país, o tratamento é nonsense. Quase dois anos e exceto uma pretensa Greve Geral, o cotidiano acata a dispersão da Guerra Híbrida que assola a região, em repetições vulgares em terminologias e ações, construídas no exterior e promiscuamente endossadas nos respectivos países através de antenas que repassam a dormência midiático-laboratorial. Não dá para acompanhar com interesse profundo propósitos “de luta” tão rasos. Mas aparecem, de uma hora pra outra para os pobres mortais e pautas da agenda dominante, os “condutores das riquezas da nação” rebelados com a situação; os valentes caminhoneiros que de fato transportam as produções em estradas deterioradas (mais) ou nas perfeitas privatizadas. Roteiro muito bonito se não fosse um novo capítulo da velha cooptação da classe pelos patrões. A mobilização ganha forma nos grêmios deste legado nefasto que aflige a América Latina, por exemplo, no único de interessante que pouquíssimos trouxeram para ilustrar a tela brilhante de informações opacas, o Paro de Octubre de 1972, ou Paro Patronal, ou Paro de los Camioneros – pela trinca de denominações históricas dá para imaginar a honestidade do movimento que entre outubro e novembro daquele ano, preparando o fatídico 11 de setembro do ano seguinte. Allende e o povo chileno que o digam. Citar esta passagem chamou a atenção pela correlação, ufa, sensata em torno da fumaça da vez, a “união” dos ases dos volantões como continuidade histórica continental e recente, uma vez que foram peças importantes para a implantação do Regime de 2016. Os aumentos atuais, à beira do dobro dos valores que geraram indignação tele-programada pré-Golpe, asseguram, são o motivo, porém qualquer coesão trabalhista – das que sobram neste cenário de destruição rotineira – é caçada pela Infantaria de Imbecilização Eletromagnética; agora, tranquila, permite que os heróis das estradas reivindiquem seus direitos! Por outro lado, os guerreiros da Esquerda indignada, combativa, na sua maioria desmotiva ao personificar em ministro, presidente de entidade, etc., a culpa da inflação nos preços dos combustíveis. Continuam como se proibidos de escancarar o contexto geopolítico que de tão livre de reações, têm feito a reprodução exata sem importar a cultura de cada país. Vide na, sempre ela, Terra de Francisco de Miranda, na qual há anos todos os repostos automotivos somem gradativamente das prateleiras venezuelanas, e se não se rende o governo por contar com alguns homólogos rebeldes na Guerra Econômica, coincidentemente, promovem os transportistas privados de lá um paro similar ao brasileiro, só que silencioso, acontecendo há meses, hiper-lotação nos pontos de ônibus nevrálgicos para a condução do país, como no dia a dia das maiores cidades, para revelar insatisfação ao cidadão comum e aos olhos midiáticos que deturpam a realidade tanto para parte do público caribenho quanto os Homo p@p@g@li bem inform@d@s da situação mundial. Para a incursão tática de subjugar os governos regionais há unidade, enquanto para o contragolpe há o vácuo permeado com frases de efeito, dissuasão, brigas internas, descompasso também fabricado fora e engolido ou questionado através de redes (des)informativas que lucram com a queda da “Democracia” e com o fim de feira que alguns insistem que é luta. Luta contra si. Eleições: o Paspalho vai na carroceria de um dos trucks contratados para entregar a encomenda 1968 2.0 ou Eleições da Carochinha, como insistem os que fingem não entender… O equino troiano mais famoso nunca esteve tão multifacético, entretanto, dele o que sai é uniforme.


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