Criar o clima de Guerra

| Imagem: Reprodução/www |

Do controle dos direitos de transmissão fica fácil chegar aos atletas escolhidos para reportagens, diferentes das coberturas diárias no clube, então quando há interesse nas novidades esportivas humanistas, de alguma forma pausará o boicote à grande mídia. O jornalismo alternativo da editoria há suprido bastante esta relação desigual, inclusive no intimidado universo brasileiro; segmentada ou de tema livre, em produção original ou mescla com clipping de conteúdo de empresas jornalísticas, 

Numa dessas, os quase seis minutos de entrevista com o Guerra, jogador venezuelano em atividade no Brasil, faz lembrar da persuasão decorrente da concentração informativa, desde que não haja urgência no tema principal ou, no caso do hermano, tenha conduta discreta – vergonha, diz ele – diante das câmeras, o que dizer sobre a sobrevivência do filho após um acidente doméstico, meses atrás.

A situação particular delicada e a duração da matéria pedem atenção ao ilustrarem as perdas de pai e irmão no país de origem. Como ele narra, uma delas foi aos 9 anos, mas as imagens da cidade natal são atualíssimas (2017) e dirigidas, diga-se, à missão política do platinado conglomerado. Ou seja, uma dose extra da anestesia para o espectador associar o país à desordem, e mais do que isso, continuar as mensagens nada subliminares de ingerência no governo vizinho. Aliás, nascido em 1985, o então garoto Alejandro vivia dias de 1993, 1994 ou 1995, o que para situar historicamente, se em 93 a março de 94, os líderes do movimento que só conquistaria o poder no voto, em 1999, estavam presos após o levante de 4 de Fevereiro de 1992; se após março de 94 a 1995, estariam livres e em processo de ascensão contra o pacto de longas décadas de opressão, como é o ciclo na América Latina, cujo ápice de truculência foi em 27 de Fevereiro de 1989, o ‘Caracazo’ (imagem acima), verdadeiro tiro ao alvo das forças armadas perante a classe humilde da capital e algumas cidades do interior.

Este é mais um elemento declarado de manipulação política, estúpida, mas política, que faz corar o que até a reeleição de 2014, que não governou, tinha como ápices ditatoriais na Comunicação Social a publicação de receitas em jornais – os mesmos que davam suporte à ditadura cívico-militar – ou prendiam jornalistas; recepção presidencial de campeões mundiais; o simplista “Futebol é o ópio do povo”. Do golpe final no… golpe, de 2014 para cá sintonizar, ler ou clicar goleia todos os períodos de exceções anteriores, sem que a isso necessite chamar de ‘golpe midiático’, é redundância histórica. Está irrestrita, mas para ficar na mídia esportiva, ditos profissionais visivelmente desconhecem aspectos sociais ou de pontos básicos da história de agremiações, campeonatos, quiçá investem na produção literária tardia referente aos Esportes, mas em ascensão, porém basta sintonizar qualquer um e verificar que está livre do que havia de senso de ridículo: menosprezo a países ‘maus’; a contusão puxa o nome do ditador escalado pela geopolítica; maca móvel remete à pilhéria de cidadãos simples, transformados em coitados ou feras, depende do estágio de ataque internacional às soberanias.

Como é cruel, às custas da integridade de uma criança, servir-se do pai a trabalho num outro lugar e dispor de cartas na manga para interesses corporativos internacionais, pois é veículo nacional apenas no nome, uma vez que contribuiu novamente com a destruição do pouco de ordem que havia no Brasil. Não dá para destacar o fato do Guerra exprimir em redes sociais a posição diante dos quase quatro meses de intervenção externa que usou os locais para fabricar um caos, na sua terra. É ‘juntar a fome com a vontade de comer’ para o maior tangedor de pessoas do continente. É daí que criticar o seu país a terceiros tem limite, há de defender o ‘bairro’, ainda mais quando contém riquezas gigantescas. No do entrevistado e no do entrevistador. E ambos entregando o jogo para o rival.

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