Sangue, não medalhas

| Imagem: Reprodução/Carl Mydans – The LIFE Picture Collection/Getty Images |

Entre 9 e 25 de fevereiro de 2018, tratando-se das Coreias, os que tomam mass media na veia preveriam cenários catastróficos, inclusive ‘seriam contra’ a ida de pessoas próximas. Há exceções, esta turma informadíssima nunca rejeita o prêmio habitual das grandes competições, tipo patrocinadores ‘levam você e mais um acompanhante com tudo pago para’… PyeongChang! Quem vai perder a chance de gastar todo o conhecimento acumulado ao longo dos anos, como ‘Na Coreia come carne de cachorro, né?’, ‘Pra mim, é tudo japonês!’, ‘Lá foi o país que mais investiu em educação nas últimas décadas!’ ou ‘E o gordinho da Coreia do Norte não vai explodir tudo?’. Isso, tem que mostrar que é intelectualizado, sem medo. Vale ignorar o que circula – e estaciona – pela Península da Coreia, leia-se o nome do acidente geográfico predileto para criar o clima belicoso do Bom contra o Mau, amigo informado, cuja retirada de cena da presidenta, por corrupção – Coreia do Sul, hein, não é Brasil – facilitou tamanho trânsito. Não é difícil vender os enredos para dominação. 

Olimpíada de Inverno! Onde já se viu, todo dia chega uma fragata; porta-aviões cravejado de chances mortais; baterias de foguetes que perseguem até pensamento; enxames de caças de última geração; não pode faltar o vilão da vez, trabalhado diariamente para ser o louco por lançar alguns mísseis como autodefesa contra quem dispõe de ‘poder para destruir a Terra não sei quantas mil vezes’… Nossos espectadores pós-modernos merecem o mínimo de respeito, afinal, se todo dia chega informação quente da Península, que triste são dois parágrafos secos, serviço de final de expediente sobre lançamento das medalhas da competição em Nova York e na Coreia do Bem? E sem jornalismo culturalesco sequer para umas linhas sobre ‘a inspiração para a arte’ da comenda e nova choça com quando a Coreia do Mal será riscada do mapa? Onde esse mundo vai parar…

PS: Na imagem, refugiados na própria terra, país uno, coreanos provam o sabor da liberdade e democracia ocidentais. Um oferecimento, Estados Unidos. Rio Naktong, 1950.

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