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Pelo menos 18.741 crianças sofreram de desnutrição aguda nos primeiros 6 meses de 2025
Ao longo dos anos, a Faixa de Gaza tem sido submetida a um experimento brutal de dominação através da restrição meticulosa de alimentos, remédios, calorias e até açúcares. Desde muito antes da guerra atual, Israel impôs um bloqueio total à região, calculando inclusive a quantidade mínima de calorias necessárias para manter a população no limiar da sobrevivência – um regime de controle que trata corpos humanos como variáveis numa planilha de tortura. Essa política de “controle nutricional” é uma forma deliberada de punição coletiva, reconhecida por organizações internacionais como uma violação grave do direito humanitário.
Com o agravamento do conflito após os ataques de 7 de outubro de 2023, a situação tornou-se ainda mais perversa. A entrada de alimentos e suprimentos médicos passou a ser não só controlada, mas quase completamente negada. Israel não apenas bombardeou rotas de acesso e zonas humanitárias, como também bloqueou sistematicamente caminhões com ajuda essencial, resultando em filas intermináveis de civis famintos e doentes diante de fronteiras seladas. A ONU e a OMS denunciam há meses que não há nenhuma justificativa humanitária plausível para tamanha obstrução: trata-se de uma política de guerra deliberada.
A fome em Gaza não é uma consequência colateral da guerra – ela é uma das muitas (e cruéis) armas. O bloqueio de remédios, a destruição de hospitais e a proibição de entrada de combustível para manter geladeiras de vacinas ou incubadoras é um cerco à vida civil. Colonos israelenses, com apoio militar ou impunidade explícita, atacam comboios de ajuda internacional, enquanto ministros como Itamar Ben-Gvir defendem abertamente que não se envie “nenhuma migalha” a Gaza. Nos EUA, políticos como Randy Fine repetem discursos desumanizantes, legitimando o bloqueio como ferramenta bélica. O discurso oficial se tornou tão violento quanto a prática: matar pela fome deixou de ser ocultado – virou doutrina.
Não há como suavizar a realidade: Gaza vive um genocídio sustentado também pela fome. E a inação do mundo alimenta essa estratégia. Enquanto a comunidade internacional hesita em aplicar sanções ou responder com firmeza, crianças agonizam com barrigas vazias e olhos fundos. A destruição deliberada de centros de distribuição da ONU e o bombardeio de plantações e silos revelam o objetivo de exterminar uma população pela exaustão física, até que reste apenas o silêncio da morte ou a rendição sem condições.
É neste cenário que os dados do primeiro semestre de 2025 soam como um grito abafado: mais de 18.741 crianças em Gaza sofreram desnutrição aguda – não por colheitas ruins, não por seca, mas por um bloqueio arquitetado para matar. Não se trata de uma crise humanitária, mas de um crime sistemático com planejamento e método. Um genocídio que, ao usar a fome como arma, revela a verdadeira natureza de quem controla o cerco: não há defesa da civilização possível quando a tática é deixar crianças morrerem lentamente, sem pão, sem leite, sem chance.
{ História Islâmica }
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