A boemia adolescente após os 30

22-06-2015a

Uma oportunidade foi o suficiente para perceber, em doses consideráveis de Conhaque Presidente, não minhas, mas do vocalista de uma tal Viana Moog, que algo despertara a minha atenção no velho (e às vezes reumático, hereticamente falando) universo roqueiro. É bem verdade que não fiquei assim pelas letras, afinal, cada nova dose acelerava a voz e, gradativamente, tornava-se incompreensível. Foi esse o cartão de visita, junto às guitarras bem distorcidas, que abriu caminho para conhecer o trabalho dos, à época seis rapazes, incluindo o alma elétrica (e naquela noite, etílica) Cidade, vocal e um dos responsáveis pela química do grupo de São Leopoldo/RS.

De lá (2003) para cá, muito chão rolou, tantos shows vistos e o diagnóstico pode ser comprovado num trecho da bula: “Viana Moog_faz um pop de guitarras distorcidas, com letras surrealistas sobre sexo, escapismos, relacionamentos, fissuras e auto-consumo”. Hoje conheço as letras, pois são curtas, patches lisérgicos para o seu Rock de guitarras, altas, mas e o Seu Vianna Moog, falecido escritor que dá nome à banda, será que ele aprovaria esse coquetel anfetamínico-literário dos conterrâneos pupilos roqueiros?

O ‘Boemia’ é o primeiro registro em cd, trabalho lo-fi que os coloca entre as boas bandas atuais do Rock vigoroso, ali pelos riffs e baquetadas de ‘Thee Butcher’s Orchestra’, ‘MQN’, ‘Walverdes’, ainda que distintas entre si. Em oito drágeas (canções) do ‘Boemia adolescente após os 30’, Pop Art, García Lorca, Virna Lisi (banda homenageada numa das músicas), Detroit à la São Leopoldo e decibéis, muitos decibéis contra-indicados. Junior (baixo), Mac (bateria), as guitarras do Cris e Luciano, mais o performático vocalista, sem dúvida, fazem um som embalado em tarja preta, mas que dispensa prescrição médica!

Vale lembrar que próximo à publicação dessa entrevista o Mac desligara-se da Viana Moog, o que não prejudicou a publicação das suas ideias sobre a banda e o EP, no qual está presente como baterista.

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Na sequência, tragos e prosa com o Everton Cidade e o Felipe ‘Mac’.

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A_Luzerna_Falas Ricardo Santos De que forma começa a Viana Moog?

A_Luzerna_Falas Everton Cidade A gente estava seguro do que queria, não pelo conceito intelectual, mas pelo que achávamos que fosse o Rock ‘n’ Roll de verdade, sem aquela bobagem do intelectualismo falso, coisas que eu não ouço mesmo.

São Leopoldo sempre teve uma boa tradição em bandas de Rock, teve aquela época do pós-Led Zeppelin e Black Sabbath… Quando a gente começou, isso aqui fervia muito. A maioria das pessoas que tem banda hoje em São Leopoldo também tinha naquela época.

Tudo começou mesmo no Grunge; essa do pós-Led Zeppelin foi um pouquinho antes. Quando estourou o lance do Nirvana, tudo parecia mais fácil. Muita gente de 16 anos, de colégio, que ia a pé a Esteio para ver as bandas novas…

A_Luzerna_Falas RS Mas isso foi em todos os lugares…

A_Luzerna_Falas EC É, acho que foi geral isso. Foi a primeira oportunidade de tocarmos com bandas de outros lugares e de nos enturmarmos. Na época, em Porto Alegre, tinha o (projeto) “10 Mil e Uma Noites” da prefeitura, que garimpava bandas no estado e era meio selecionado, não era tão fácil. Escolhiam o material, colocavam pra tocar em condições muito boas.

Fizemos um show no Gasômetro nessas condições, mas não era a Viana ainda, era a Motor Mojo Junkie, que foi com ela que começamos os primeiros contatos com Space Rave, Walverdes, bandas de Porto Alegre que já tinham uma certa estrada, e aí veio a mudança na concepção do que achávamos que devíamos ser.

A_Luzerna_Falas RS As bandas de Porto Alegre se apresentavam pela região metropolitana também?

A_Luzerna_Falas EC Não, eram sempre daqui e no máximo de Novo Hamburgo, num circuito São Leopoldo/Novo Hamburgo/Sapucaia/Esteio… Era onde conseguíamos lugar para tocar. Não tocavam aqui por desinformação, falta de contato, de ambição, como também era muito difícil conseguir um show em Porto Alegre. Lá sempre teve aquela mídia roqueira muito forte. Além dessa dificuldade, não era tão fácil tocar numa rádio, gravar fita-demo era uma dificuldade enorme!

A_Luzerna_Falas RS Isso foi em que ano?

A_Luzerna_Falas EC Em 97. A Motor acabou exatamente quando começa a Viana, em 1998! Tínhamos muitas influências que não estávamos usando; cada um na banda ouvia um som… Começamos a ouvir Stooges e mudou toda a concepção.

A_Luzerna_Falas RS Ninguém seguia essa linha por aqui?

A_Luzerna_Falas EC Não, não, era mais o Grunge mesmo. Quando falávamos de Iggy Pop, Stooges, bah, era coisa de roqueirão, de roqueiro velho…

A_Luzerna_Falas RS A Motor Mojo Junkie e a Viana Moog tinham componentes em comum, ou só você?

A_Luzerna_Falas EC Eu e o Von (guitarrista).

A_Luzerna_Falas RS Além dos Stooges, em que se baseava a Viana Moog?

A_Luzerna_Falas EC Era se desvincular do que não fosse muito “verdade”, parecer verdade, mas ser verdade mesmo, sabe? Ao invés de afetar que tu era um bêbado genial, ser realmente um bêbado e, por acaso, genial… Não ser aquela coisa: “Olha como eu sou cool!”.

Daí começamos aquele conceito de frequentar as rodoviárias, conhecer outro tipo de gente. Antes era só o meio do Rock. Com a Viana, começamos a tocar com frequência em Porto Alegre, no Garagem Hermética, em tudo o que era festival daqui, já com aquele conceito de que o Rock de Porto Alegre não era periferia o suficiente, fake, não que fosse ruim.

A_Luzerna_Falas Felipe ‘Mac’ Muito músico bom começa a tocar por tocar, não sabe bem o que é o tirar algo da personalidade para colocar na música, reproduzindo apenas o que já foi feito.

A_Luzerna_Falas RS Foi o que notei nos shows de vocês em Porto Alegre, o pessoal de lá fica meio de lado…

A_Luzerna_Falas EC Mas a vantagem é sacar esse lance e usar ao nosso favor, não usar como demérito. Tu sempre é visto como um bárbaro por lá. “Os bárbaros que estão chegando aqui!”, e a Viana sabe usar isso de maneira positiva. Para nós, não é ofensa: estamos numa cidade que é a terceira em violência no Estado, muito difícil de morar, mas tem um lado de música muito bacana.

A_Luzerna_Falas FM A gente tem algo a dizer.

A_Luzerna_Falas RS Por isso uma galera “segue” o grupo?

A_Luzerna_Falas EC Sim, isso ajuda na estima das pessoas. A mesma pessoa que fala comigo na rua, de repente, me vê cantando sobre bebidas, depressão… É essa proximidade acessível, não vou tirar onda de “nossa, estou muito deprimido, estou triste, nossa, estou no inferno”, se eu não estiver vivendo isso.

Então, a gente canta sobre o uso de drogas. O Boemia é sobre a euforia, o caráter de preparo para a festa; estar bebendo para ir à festa! A pessoa se vê nesse ponto… Mas o lance é a auto-estima, sermos daqui do interior e isso não nos diminui em nada.

Há em Porto Alegre o fator capital, de ser in e por dentro de tudo. Acho que a nossa vantagem é não precisar ser in. Tudo vem em consequência. Uma vez, num show lá, de brincadeira falei que éramos a Viana Moog de Detroit. A gente chama São Leopoldo de Detroit como uma piada íntima. Então, do público alguém falou: “Te liga, cara, você é do Brasil. Não é americano…”. Ele continuou nesse papo e cantei Noel Rosa inteiro pro cara. Perguntei: “Ele é brasileiro o suficiente pra ti? Parecer brasileiro é parecer Los Hermanos?”.

A arte tem muito disso de polemizar na hora e tu vê as pessoas indo embora, não vou ficar me fazendo, querendo ser legal com todo mundo. É chato ser legal com todo mundo!

A_Luzerna_Falas RS Entendo essa de Detroit, é sobre a rixa que existia entre ela e Nova Iorque.

A_Luzerna_Falas EC É o que acontece entre Porto Alegre e aqui. De lá, Detroit, saíam os bárbaros. Esse é o conceito da coisa. Para nós, é uma brincadeira.

A_Luzerna_Falas RS Fale sobre o Boemia…

A_Luzerna_Falas EC Boemia é conceitual, na verdade. Descobrimos bem depois que ele é conceitual. Tem algumas letras totalmente adolescentes, fáceis de serem entendidas, mas que tratam de problemas. Uma música pop tipo Kelly Key, escrita dessa maneira no sentido da linguagem de acesso. Que nem tu cantar “Eu odeio tudo, menos Henry Miller”! Sei que é uma letra básica, pois todo mundo odeia tudo. A diferença é que o Henry Miller não é um autor tão disseminado.

Eu e antigos membros da banda chegávamos da balada e colocávamos o ‘Sister’ (Sonic Youth), o primeiro do Pin Ups, The Fall e o primeiro do PIL. Então, o disco pegou essa influência sem percebermos, sabe, e fomos vendo que tinha muito dessas bandas ali, trazendo uma noção de que alguns poemas são universais, para sempre.

A_Luzerna_Falas RS O Mac me falou numa outra vez, que o Boemia seria o primeiro de uma trilogia.

A_Luzerna_Falas FM Bolamos isso depois, já que na época do disco não sabíamos, fomos imaginando o que faríamos depois. Na verdade, tive a ideia do terceiro, pois o Boemia seria o começo da “festa”. O segundo é quando se está na festa.

A_Luzerna_Falas EC O segundo é o estar na festa, estar no lugar. É só perceber as músicas novas, ‘Strip-Tease Revolver’, por exemplo… São musicais, mais para dançar do que o Boemia, que é totalmente eufórico. Tudo isso flui naturalmente. A euforia, a festa e o dia seguinte, uma incógnita. E o final da festa é sempre mais arriscado que o seu início ou dentro dela.

Fazíamos shows em certos lugares que praticamente tínhamos de sair correndo, sabe, o nosso lance era chocar. Fazer aquilo nos desgastou, não era mais sincero. Com essa formação nova começamos a mudar e, de repente, existiam pessoas de 14 anos em shows, sendo importante para os nossos planos. É uma idade para delimitar o seu gosto, sendo provável que o siga por toda a sua vida; é fácil de se ver ali dentro dos temas de depressão.

Uma letra de Rock ‘n’ Roll não pode ser intelectualizada demais. Não precisa dizer “vejam, olhe quantos livros eu leio!”. O conceito artístico me irrita muito. Todo conceito artístico, na verdade, não tem nada de artístico. O lance todo das letras é quando se parece com uma imagem publicitária: você tem uma imagem forte na letra para convencer a pessoa. Não precisa ser inteligente, mas uma imagem forte, como uma Bíblia: tu vai ler a Bíblia e ela tem praticamente uma imagem forte e o resto é preenchimento daquilo. É o slogan! O Boemia tem um slogan… A maneira que eu gosto de ouvir… Sem poéticas forçadas.

A_Luzerna_Falas RS Sobre as influências, no release consta até mesmo a Semana de Arte Moderna de 22… Quer aproveitar e comentar o lance de influências?

A_Luzerna_Falas EC Muito! Acho que a Semana de Arte Moderna seja muito mais foda que os beatniks. García Lorca, Ferreira Gullar não-concretista. Falar da influência brasileira: acho que tem muita banda bacana da época do Manguebeat: Chico Science & Nação Zumbi, mundo livre s/a, Lacertae, só que ficou um pessoal daqui do Sul querendo cantar igual à Bahia, então, a Viana é totalmente influência de Brasil, tentamos contextualizar o nosso trabalho com as informações que adquirimos. Lupicínio Rodrigues, Noel Rosa, só que eu não posso repetir o que eles fizeram, não passei pelos botecos que eles passaram…

Oswald de Andrade, basicamente, me ajudou a conceituar o formato, Allen Ginsberg… Em música, a Viana recebe influências do Sonic Youth, The Fall, Picassos Falsos, Virna Lisi… Ah, o “triozinho” 70’s – Bowie + Iggy Pop + Lou Reed -, além de Patti Smith e Arnaldo Baptista.

A_Luzerna_Falas FM Um pouquinho de Primal Scream, Bossa-Nova, Jazz, Samba, acabam também ficando evidentes no som da banda.

A_Luzerna_Falas RS O que significou o ano de 2004, onde teve a apresentação da banda no Rio de Janeiro (Ruído Festival), voltar, fazer aquele showzão de retorno com a SOL, depois o festival que fizemos juntos – o Festival Dissonante?

A_Luzerna_Falas EC Em primeiro lugar, a Viana é uma banda que, independente do que é a banda, cada um tem a sua opinião. Posso estar falando por mim, o Junior fala por ele, o Mac fala por ele, com a gente não tem de “a banda pensa assim”. Banda é uma junção de equacionar as ideias, agora tocar no Rio foi muito bom para nós, porque é muito fácil se achar o cara mais bacana do teu bairro, o cara mais legal da tua rua, mas quando tu sai do teu Estado e toca com bandas de fora, aí tu consegue realmente avaliar se ela é boa. Ir para o Rio foi legal por isso.

A_Luzerna_Falas RS Mas não causou o “efeito pantufa”?

A_Luzerna_Falas EC Não, pelo contrário, só deu um respaldo, pois a gente não estava perdido no mundo e o nosso som era plausível para todos. Mas fomos como a menor banda do Ruído: a banda de abertura de uma noite gaúcha, sabe, tinham Wonkavision e Walverdes, que eram as headliners. Agora, o legal da Viana é que tanto faz, porque o mesmo show que a gente fazia aqui em São Leopoldo, Campo Bom ou sei lá aonde, fizemos lá no Rio. Isso é importante.

A_Luzerna_Falas RS E no que seria possível relacionar com os grupos atuais, por exemplo, a Viana Moog não é recém-formada, tampouco veio do Emocore, mas lá dos anos 90? Qual a visão de tocar para um público na realidade de hoje, digamos, renovado?

A_Luzerna_Falas EC A gente se encaixa de alguma forma, faz à nossa maneira. Cara, acho que a Viana é uma banda até sortuda, pois por incrível que pareça, como as nossas influências são básicas, então acaba a nova moda e a gente se encaixa do mesmo jeito, só que a gente faz as coisas da nossa maneira. Pô, tudo bem, pode ser pop o som, mas as letras dificultam: falo de incesto, de sexo ruim, de um monte de drogas pesadas e de um monte de coisas que não é vendável.

Assim, ficamos fora da moda, sabe, não usamos gravatas, ouvimos Weezer, mas com a independência das bandas dos anos 90, aquela coisa de não precisar ficar na internet sabendo das novidades de Londres para copiar. A sinceridade é a palavra mais própria da Viana. Pode odiar, mas é sincera. Sempre sincera.

A_Luzerna_Falas RS O Rock, como o vê atualmente?

A_Luzerna_Falas EC Na verdade, uma banda começa a se deteriorar quando começa a se achar. A partir do momento em que se escolhe se hoje vai tocar ou não, pode saber que está acabando. Os festivais são importantes, mas agora é uma onda “indie”. É bacana ir no Bananada, no Ruído, é bacana isso tudo, e hoje em dia é cool, legal.

Então não tem Rock. Que Rock? O que mais me irrita é que virou um grande fotolog, um fotolog de alma do diabo, pois tem banda do caralho como a ‘Deus e o Diabo’, ‘SOL’, tocando para 7, 8 pessoas?

O que se fala de indie não existe, hoje é bacana ser indie. Houve uma época em que ser indie era ouvir ‘Fellini’, ‘Patife Band’, ‘Killing Chainsaw’, ‘Pin Ups’, ‘Picassos Falsos’, ‘brincando de deus’, discos que nunca eram achados em lojas. Hoje em dia, muitas gravadoras indies têm o seu aparato tecnológico, têm catálogo, hoje tem a Tratore que lança praticamente todos os discos… A confusão que as pessoas fazem é justamente essa: o espírito indie e ser indie. Indie é ser metaleiro. Hoje vestir a munhequeira é ser indie. É mais fácil um indie fazer pop do que um indie fazer som indie e chegar a uma gravadora grande. O indie tem que dar lucro, mas ser fiel.

A_Luzerna_Falas RS Fazem uma lipo no som…

A_Luzerna_Falas EC E não é porque gravam num selo grande, mas porque mudam mesmo. Muita banda se diz indie e é tão pop quanto a Blitz, sabe? Pra que confundir tudo? Ah, eu sou muito velho para ser esse indie… Tu pega o primeiro do De Falla é fantástico, tinha a ligação com o mundo, a porralouquice está fazendo falta no Rock ‘n’ Roll. Hoje é emprego de Maurício, muito Mané envolvido… Eu faço música porque… Senão o que é que eu vou fazer? Por que tu perde uma esposa, perde uma vida por causa de uma banda?

A_Luzerna_Falas RS Mas são os trabalhos honestos os que vão ficar.

A_Luzerna_Falas EC Sim, na época dos Stooges quem vendia discos? Ah, os Byrds, os Monkees, e agora, o que tu ouve? Stooges! Eu prefiro ser uma lenda próspera do que um fracasso comercial. Eu tô assim, não vou dizer decepcionado porque isso não é Rock ‘n’ Roll de verdade, mas ficar cantando “Ela me deixou, ela vai voltar”… Até queria fazer esse tipo de letra, mas não consigo. E as bandas independentes estão muito piores, tão pop quanto as que estão nas gravadoras grandes.

A_Luzerna_Falas RS Quem está fazendo algo a acrescentar?

A_Luzerna_Falas EC A Walverdes, que sempre foi uma banda que entendeu o caráter de ser independente, é uma banda maravilhosa e não vão mudar nunca se a Sony contratasse os caras, são aquilo mesmo. Deus e o Diabo, a SOL… Acho que é isso. São poucas bandas.

A_Luzerna_Falas RS Coincidentemente, todas fazem som autoral. Fazem da influência um som para eles, não se apropriam…

A_Luzerna_Falas EC Acho que também é por serem dos anos 90, têm outro tipo de relação com o underground.

A_Luzerna_Falas RS São menos “assessoria de imprensa”…

A_Luzerna_Falas EC Exatamente, nos anos 90 tu pegava uma fitinha mal gravada de uma banda, mas se era boa, ia ouvir sempre. Hoje em dia, se não está na internet tu nem ouve.

A_Luzerna_Falas RS Quando sairá o próximo disco?

A_Luzerna_Falas EC Bem, o single sai nesse semestre. ‘Strip-Tease Revolver’. A gente perdeu um ano. Seria muito bacana ter lançado o segundo cd naquela época do hype: Detroit, cena de São Leopoldo, o Festival Dissonante, que trouxe bandas de fora, do Piauí, como a Lado 2 Estéreo, uma das melhores do Brasil, teve a Noitibó, então se a gente lançasse o disco nessa época seria um hype enorme. Só que a gente não estava bem. Eu tinha problemas com drogas, a banda meio que se deteriorou, tudo isso, e fica difícil, mas sem ter que “tenho que gravar um disco agora”. Vamos gravar quando a gente estiver bem. Cada um tem a sua vida. Por quê? Porque a gente é uma banda de verdade. Não é hora de se apoiar na mídia não.

A_Luzerna_Falas RS Por que você acha que deu essa parada?

A_Luzerna_Falas EC Banda boa. Falta banda boa na cidade, faltam bandas novas para renovar e trazer mais público. O ideal é que os adolescentes gostassem dessa geração. Foi feito um hype porque todo mundo estava conectado na mesma coisa. Tinha a ‘Blanched’, ‘Not So Easy’, nós, o ‘BR-3’ que trazia as bandas de fora… É que Porto Alegre realmente não traz nada, então São Leopoldo era legal, mas o hippiesmo que tem aqui muitas vezes atrapalha. É sempre tocar Stones, Beatles e Led Zeppelin. É uma cidade Led Zeppelin.

A_Luzerna_Falas RS Como poderia voltar esse clima, espontâneo como foi naquele momento?

A_Luzerna_Falas EC Fazer shows com vários tipos de banda, inclusive com Emocore (risos).

A_Luzerna_Falas RS Sério? E com os metaleiros?

A_Luzerna_Falas EC Cara, eu também escuto Doom, Death e adoraria tocar com uma dessas bandas (risos).

A_Luzerna_Falas RS Após o single vão investir em tocar fora ou vão topar a “ressurreição de São Leopoldo”?

A_Luzerna_Falas EC A gente já tem um espaço aqui que é bem legal, confirmado, então é sair, tocar em festivais. O disco novo é aquela pressão do ter que gravar. Vai acabar essa formação, mas a Viana não vai acabar enquanto eu for vivo… Eu pego uns guris garageiros e “Ó, vamos lá, façam dois riffs que eu faço o resto”. Os planos são realmente para sair do Estado.

por Ricardo S.
Imagem: Reprodução
(Publicado originalmente em 2006)

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