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Atentado contra MST demonstra urgência da autodefesa camponesa
Ou os camponeses, indígenas e quilombolas organizam sua autodefesa, ou serão exterminados pelos bandos paramilitares bolsonaristas a soldo do latifúndio “agronegócio”.
por Jaílson de Souza
A execução covarde da liderança camponesa Valdir do Nascimento (Valdirzão) e dos camponeses Gleison Barbosa de Carvalho e Denis Carvalho, entre os dias de ontem e hoje, num operativo típico das hordas paramilitares bolsonaristas, comprova que a luta pela terra entrou a uma nova dinâmica.
O assentamento assaltado pelas hordas paramilitares era consolidado, na cidade de Tremembé. Isso não serviu de dissuasão. Os paramilitares entraram dispostos a executar tantos quanto fosse necessário: segundo relatos, todos os tiros foram na cabeça, e depois de haver matado os dois camponeses e ferido outros (um deles que veio a morrer no hospital), ainda realizaram buscas no entorno para eliminar testemunhas. A área é alvo de especulação fundiária há algum tempo.
Supor que o governo de turno possa oferecer segurança às massas camponesas é, no melhor dos casos, ingenuidade e, no limite, um crime político. Este governo só permanece no Palácio do Planalto porque se apoia nas lideranças do Congresso Nacional, todas vinculadas a oligarquias latifundiárias locais e regionais e devidamente agrupadas na Frente Parlamentar do Agro. Formalmente, ela engloba um total de 340 parlamentares, 290 deputados e 50 senadores. Isso significa que, oficialmente, o latifúndio articulado politicamente controla 56,5% da Câmara dos Deputados e 61,7% do Senado. Eles controlam o legislativo; através do legislativo, o latifúndio controla este governo, que não apenas aceita o seu estrito controle, como se oferece de bom grado a ele, argumentando que, não sendo isso, seria impossível governar. E assim governa, mas governa inteiramente para eles e somente até quando for conveniente para a reação. A economia, centrada no agronegócio por escolha política deste governo e de todos os precedentes desde o final dos anos 1990, também reforça a força dos latifundiários no Poder político, e ao elevar o fluxo de capital para a agropecuária, só faz elevar o preço da terra e estimular o latifúndio a expulsar as massas de suas terras de formas cada vez mais violentas.
Não é por desatenção que o governo não fez nada, e nem fará, pela falida reforma agrária. O governo fechou posição com o “agronegócio” e, com ele, vem as hordas paramilitares, é o pacote completo. Deste modo, voltamos ao óbvio: supor que o governo possa oferecer segurança às massas camponesas é, no limite, um crime político.
Em outubro de 2024, a Liga dos Camponeses Pobres (LCP) lançou pronunciamento no qual destaca que “já em 2023, numa declaração pública alertamos os camponeses de todo o País e os conclamamos a defender seu direito à terra de armas nas mãos”. Na ocasião, o movimento se pronunciava por ocasião da Batalha de Barro Branco, em Jaqueira, Pernambuco, quando os camponeses apoiados pela LCP e organizados em autodefesa armada expulsaram mais de 50 paramilitares do Movimento “Invasão Zero”, acabando ferido o presidente estadual deste bando e outros pistoleiros.
Ou os camponeses, indígenas e quilombolas organizam sua autodefesa e avançam com a Revolução Agrária para destruir o latifúndio, ou serão exterminados pelos bandos paramilitares bolsonaristas a soldo do latifúndio “agronegócio”.
{ A Nova Democracia }
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