[ Alceu Valença ]
ノ
Cantador, o teu canto de improviso
É o mais nobre poder da criação
O teu verso tem a força de Sansão
É fatal, é perfeito e é preciso
Cantador do inconsciente coletivo
Canta a força do Povo e o desengano
E a Esperança que brota todo ano
Vai tecendo nos versos e nas loas
Batucando a Toada de Alagoas
Nos dez pés de Martelo Alagoano
Da cidade de Campina e do Monteiro
De Passira, Panelas e Ingazeira
São José do Egito, Capoeiras
É viola, é ganzá e é pandeiro
Salve Dimas e Pinto do Monteiro
Lourival, trocadilho sobre-humano
Vitorino, o teu verso tem bom plano
Oliveira, Castanha e Beija-Flor
E Mocinha de Passira é um condor
Nos dez pés de Martelo Alagoano
Cantador cem por cento brasileiro
Tem no sangue a saudade lusitana
O batuque das terras africanas
Caetés, teu guerreiro violento
Cantador de alegrias e tormentos
Tem os pés calejados dos ciganos
É poeta perfeito e soberano
Soberano é perfeito e é poeta
Tem o arco, o batuque e tem a flecha
Nos dez pés de Martelo Alagoano
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