Ora, bolas

O bloqueio econômico sofrido por Cuba nesta área é conhecido, mas detalhes como o exemplo das bolinhas de Beisebol importadas do Japão, veiculado pela emissora latino-americana, teleSUR TV, somado, entre outros, da dificuldade da turma do Salto com Vara, não.

Na semana em que foram divulgados vários vídeos sobre os sintomas do bloqueio, os Jogos Pan-americanos de Guadalajara comprovam que a Ilha mantém a garra e os resultados que a caracterizam também como potência nos esportes.

Por isso que o papo de ditadores e regimes democráticos é zona cinzenta… Principalmente depois da Guerra Fria, o “decreto” do que vem a ser ditadura ou não, assim como em relação à democracia, está impregnado de interesses econômicos, principalmente de riquezas energéticas.

Já diz o popular: “Santo tá no céu!”, portanto, a ingerência na economia segue por aí, tão simples de colocar numa frase jornalística ou mesa de bar, mas é bom ver que até bolinhas para os futuros “insurgentes” são negadas. A Líbia, do “maior ditador da última semana”, Muammar Kadhafi, cujo álbum de fotografias recente atesta a cordialidade política com os “líderes mundiais”, os mesmos que deram o suporte para a horda “derrubar o regime”, também passou por isso há muitas décadas. E continuará. E aumentará.

Os ângulos para a demonização dos governantes que não lêem na cartilha da Lei do Concreto – essa de Lei da Selva é distorcida, vem do preconceito com os indígenas – são vários, a começar da própria face, ridicularizada aqui e ali, enquanto as antenas propagam “notícias”. Depois bombas. E agora, os enforcamentos e linchamentos, a caça sádica ao virtual inimigo que remete à Contemporânea Antiguidade.

Não adianta o discurso pseudo-antropocêntrico, o da conveniência, o do menos pior. Se de um lado ao ditador da vez é atribuído um leque de atrocidades, a censura econômica faz o mesmo, nega até equipamento esportivo, daí imagine o que acontece com a alimentação. Asfixia material, panela de pressão que vem de fora e paga de caridosa, como se ter uma bomba atômica ou armas de destruição em massa não detonadas – e quase sempre hipotéticas – justifica a fome e a intromissão.

Curioso é que nas disputas de Guadalajara/2011 a máxima de “rivalidade com Cuba”, no caso do Brasil, dá mil matérias, mas assumir na mídia que artigos esportivos básicos por lá são conquistados como cada medalha é proibido. Enquanto isso, aqui a semana era de Lei Geral da Copa e troca de ministro dos Esportes, temas que 0,5% de cada negociata com o dinheiro público equivaleria bem mais que o equipamento vetado à terra de José Martí.

Por aí é que soa tão ridícula a “luta do Brasil para alcançar o segundo lugar de Cuba”, como a cada Pan a mídia ressona, numa espécie de prêmio de consolação ideológico.

Publicado em 29.10.2011

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