Se o assunto é música, a cidade de Três Coroas, no interior gaúcho, logo faz lembrar Os The Darma Lóvers, mas no 14.03.2009 os incensos meditativos trouxeram a ciganagem e Buda ocidentalizado viu, em seu terreiro, passar a caravana do Bebeco Garcia e seus mais de mil alto-falantes, acompanhados da banda Desvio Padrão, Zé do Bêlo e Nino Lee. Aliás, foi Lee, pouco antes de apresentar o primeiro convidado (Zé do Bêlo), que bem descreveria o intuito do ‘2º Gauchada Rock Fest’: trazer roqueiros do estado para uma passada no interior, tanto os que sobem ao palco quanto os que estão a assisti-los. Uma ideia nada inédita, embora ameaçada de extinção, que um pessoal entre Taquara-Três Coroas está colocando adiante.
Depois do breve show do Mr. Bêlo, seguiu para o palco o guitarrista cigano, que ao contrário do que imaginava, tocou a maior parte da apresentação solo, quer dizer, duo – ele e a guitarra! Ou eram dois em um? Todas as alternativas anteriores, haja vista que nem as tradicionais trocas de guitarras aconteceram, tampouco certa (e bela!) Flying V de outras apresentações.
Certamente, se alguém da parte técnica gravou o áudio, é material à la ‘BBC Sessions’ ou ao programa ‘Ensaio’, da TV Cultura. Pouco ou nenhum papo, lance acústico e despojado, além de ter sido a segunda ou terceira vez que tocou desta maneira. O repertório foi basicamente da carreira solo, inclusive lados b’s… A banda Desvio Padrão surgiu em seguida, moçada de som próprio, tem um álbum lançado e, fãs que devem ser do guitarrista, ao final do set chamaram Garcia para quatro dos Garotos da Rua sem sair de cima, e substituíram gente habitual do bando, como Fábio Ly, Edinho Galhardi e Egisto Dal Santo, ciganos de primeira chamada.
Aí lembrei que tinha como registrar! Por ser um raio difícil de cair duas vezes no mesmo lugar e a falta de mais conteúdo desse calibre pela web, sem ser cineasta ou paparazzi, vídeo amador ou profissional, ou qualquer outra denominação, apenas “desarmado e perigoso”, apontei para os roqueiros do palco e divido com outros, www afora.
Era o momento “Celebration” da noite, cujo espetáculo estava por acabar. Surgiriam os primeiros gritos, vários flashes, assovios e cantaroladas coletivas. Ao contrário de antes, que a atenção ficou contida na surpresa da virtuosa sessão guitarra e voz, juntou tudo que esteve no teatro, literalmente – Lee e Bêlo vieram para a jam -, bateu no liquidificador e noite fechada em curto-circuito. Falando demais? Aumente o volume dos retângulos abaixo!
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. Eu já sei .
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. Meu coração não suporta mais .
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. Você é tudo que eu quero .
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. Tô de saco cheio .
Texto + Imagens: Ricardo S.
(Publicado originalmente em 2009)