[ Faces do Subúrbio ]
ノ
Metidos em buracos, vivemos na pobreza de fato
Somos sofredores de um ambiente escasso
Um ambiente onde a violência está presente
Onde, você sem perceber, perde um parente
Somos criados no subúrbio, presenciando tudo de perto
Morrendo, cara, sem ao menos saber que é errado ou certo
Muitos detonam outros só por discussão, pai matando filho, irmão derrubando irmão
Às vezes eu penso, converso com meus demais irmãos
Quando é que vai surgir a tal solução?
Cai a noite, eu prego os olhos sem perceber
No dia seguinte o que vai acontecer
Clareou, amanhã corre um boato
Apareceram quatro corpos, todos estourados
Chacina praticada, serviço terminado
Em um veículo, cinco homens encapuzados
Ambos os lados, ninguém sabe quem são os culpados
Mais um julgamento clandestino foi praticado
Será que foram os quatro fuzilados
Por terem alguns crimes nas costas ou por agirem errado
Ou os autores da matança que cometeram um pecado
Aqui se faz, aqui se paga, este é o ditado
Hoje você bota pra foder, amanhã é executado
Sou um rapper, testemunha da situação da periferia
Assaltos vêm de tradição, filho crescendo vendo seu pai agindo como ladrão
Será que é porque ele quer ou a necessidade fez ele agir desse jeito, pois é
Só têm uma conclusão a citar pra essas indecências
Somos acostumados com a violência
Somos, somos acostumados com a violência
Somos, somos acostumados com a violência
Somos, somos acostumados com a violência
Somos, somos acostumados
Somos, somos acostumados com a violência
Somos, somos acostumados com a violência
Somos, somos acostumados com a violência
Somos, somos acostumados
Providência é uma indecência
Não se interessam em controlar a violência
Colocam de lado situações que poderiam ser resolvidas
Mas em nossos ouvidos só entram promessas, que merda
Morreram muitos, muitos e muitos, e as mortes poderiam ser evitadas
Mas no caminho de uma estrada a violência até se estende numa escala
Surpreendido com uma máquina de fazer cadáveres, direção
A sua cara, a paz é ocorrida de forma uma contrária
O destino é o oposto de uma rotina pacífica
Não tendo o contendo de possuir certas malícias
Pois lugar de cão, malandro é proibido vacilar
Já que matar nunca foi difícil, não dê vacilo, o bicho pode pegar
Cai a noite e os donos dela circulam em silêncio
Armas em punhos, de preferência berros niquelados
Dispostos a ir ou mandar a gente pro outro lado
O perigo circula no subúrbio diariamente
Temos que conviver nestas rotinas constantemente
Não podemos nos mudar para um lugar melhor
Pois não existe melhor é tudo pior
Crescemos, vemos, testemunhamos e observamos
A violência aos poucos nos dominando
Só tenho uma conclusão a citar para essa indecência
Somos acostumados com a violência
Somos, somos acostumados com a violência
Somos, somos acostumados com a violência
Somos, somos acostumados com a violência
Somos, somos acostumados
Somos, somos acostumados com a violência
Somos, somos acostumados com a violência
Somos, somos acostumados com a violência
Somos, somos acostumados
Vendo tudo isto, somos obrigados a ficar calados
Quem morre pela boca é peixe, então não deixe
Seu corpo por uma bala ser fisgado
A morte tem existência há vários séculos
Mas atualmente se transformou em privilégio
Não é mistério, o caso é sério, este é o critério
Te digo na cara que quando a morte chega não deixa aviso prévio
A violência é uma doença incurável
Provavelmente estamos arriscados a contrair um vírus
Chamado calibre pesado
Grupos de extermínio se multiplicam a cada militar excluído, pode crer, é isso aí
Matar vai ser o seu recente emprego
E eu digo: matam por diversão e por dinheiro
São uns filhos da puta, verdadeiros pistoleiros
O perdão para eles não existe, não existe
Reze para na cair nas mãos desses infelizes
Emboscadas, tiram de casa, na rua dormindo
Com identificação falsa e calibres nas mãos eles têm o domínio
A violência é sua parceira
Antes de serem grampeados vão matar sem eira nem beira
Morando em um bairro considerado perigoso
Cada dia-a-dia vejo expressões nos rostos
Das mães de família que aqui habitam
Revoltadas com o medo que as dominam
Pedem providência, reivindicam assistência
De proteção e segurança na rua
Mas na periferia todos são prejudicados
Classe média, alta, esses sim, são bem assegurados
Não adianta abaixo-assinado pedindo proteção
Pois há muito tempo que pedimos ajuda, isto nunca muda
A preferência é a Lei do Cão
Assediados por uma violência incontrolável
Uma violência que é sempre viável
Seis e meia da manhã você liga o rádio
Notícias divulgadas que vêm de todos os lados
Linchamentos, estupros e assaltos
Vinganças, atropelamentos, assassinatos
Esses são os atos que não impressionam
Mais amedrontam quem quer viver em paz
Muitos pensam positivo, violência nunca mais
Pois é difícil, só é artifício
Conviver aqui com a paz
Impressionante é a espontânea vontade que muitos insistem
Em alimentar a violência
Bailes Funk é um exemplo disso
Pense nisso
E nas consequências
Só tem uma conclusão a citar pra essa indecência
Somos acostumados com a violência
Somos, somos acostumados com a violência
Somos, somos acostumados com a violência
Somos, somos acostumados com a violência
Somos, somos acostumados
Somos, somos acostumados com a violência
Somos, somos acostumados com a violência
Somos, somos acostumados com a violência
Somos, somos acostumados
Somos, somos acostumados com a violência
Somos, somos acostumados com a violência
Somos, somos acostumados com a violência
Somos, somos acostumados
Somos, somos acostumados com a violência
Somos, somos acostumados com a violência
Somos, somos acostumados com a violência
Somos, somos acostumados
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